sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Vem chegando o Ano Novo


Hoje é o último dia do ano e, novamente, a internet e revistas publicam textos que nos ensinam a fazer listas das coisas que gostaríamos de fazer diferente no "ano que vai nascer".
Sempre enumero algumas coisas mentalmente e, também mentalmente, juro a mim mesma que vou cumprir uma a uma. Lógico que isso não acontece e lógico que até esqueço algumas promessas que fiz. Mas não me importo com isso, e sim, me preocupo em viver.
Conheci um cara que traçou metas para ele ao longo da vida: ao 25 anos queria estar formado, aos 30 anos queria ter um filho, em tal data não sei o quê. E, se porventura, alguma coisa saía fora do que ele tinha programado, POW! , tiro no obstáculo, e vamos adiante.
Por um lado, é muito legal toda essa persistência e concentração nos objetivos; mas, também é muito ruim não ter jogo de cintura e não saber lidar com as alterações de trajeto, até porque, nem todas estas alterações são ruins, e é muito bom saber lidar com elas, sabendo viver.
Ele não faz as coisas porque gosta, não sente o que realmente quer sentir, mas faz o que é certo fazer e sente o que é certo sentir. Enfim, tenho pena dele, quando penso que ele não consegue libertar os sentimentos, só toma sorvete com a colherinha e não se lambuza nunca, só come pãozinho de queijo com guardanapo para não queimar as mãos. Se é que tu me entendes....

Seja feliz em 2011! Movimenta tua vida e as energias, troca as coisas de lugar na tua casa, cola o que está quebrado, conserta o que está estragado, compra coisas novas para tua casa, compra compra um presente para ti! Te afasta de pessoas que te deixam deprimido, que sugam tua energia, que não agregam valor à tua vida e valoriza as pessoas que ficam alegres quando tu estás alegre, e que te dão um ombro amigo, quando tu estás triste. Preserva teus amigos, liga para eles para contar as novidades, e se não houver nenhuma, pergunta a eles como estão, senta num boteco com eles para falar muita bobagem. Cuida da tua família e a ame incondicionalmente, como um leão. Te livra das relações que não te fazem bem, joga no lixo as coisas ruins, e procura te relacionar com quem te faça rir e cuide de ti.

É assim que tento seguir, desde 2006. Não é fácil não, e confesso, existem coisas que ainda preciso aprimorar , mas tenho certeza que com o tempo, eu consigo. É como um alcóolatra que fica um dia sem beber, depois outro e outro...


Na minha lista de "things to do in 2011" , tenho dois desejos somente: 
1) ser feliz, com direito a tudo o que há de bom: saúde, dinheiro, amor, amigos, alegrias, etc.
2) vacinar criancinhas doentes no Cambodja ou desvermifugar pinguins no Alaska,  no próximo Natal.

Feliz Ano Novo !!!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

Já me acostumei a não ter um Natal dentro dos padrões de pessoas normais. Normais assim, com casa decorada por dentro e por fora, ceia de Natal à meia-noite, no dia 24, com direito a peru decorado com fios de ovos (embora eu não goste), pacotes de presentes ao pé de uma árvore de Natal cheia de bolinhas e luzinhas coloridas, tio bebum enrolando a língua, mãe estressada... Estas coisas, de família normal.
Nosso Natal deixou de ser normal quando eu e minha irmã começamos a namorar. Meu pai, muçulmano e minha mãe católica fajuta, nunca se importaram em fazer a ceia de Natal alguns dias antes do dia 24, para que eu e minha irmã pudéssemos passar a ceia do dia 24 com os pais dos nossos namorados. Eu, nunca fiz isso; eram os namorados que vinham até a minha casa, na noite sagrada. Quando casei, fazíamos a ceia dia 22 ou 23, para que meu companheiro pudesse participar, ou então, no dia 24, cada um passava com a sua família e depois nos encontrávamos. 
Sempre comemorávamos o Natal antes do dia 24, e houve uma noite, que enquanto as famílias estavam reunidas ao redor do pinheirinho, com a mesa decorada e farta, eu passeava sozinha com meus cachorros pela cidade.
Decidi que não comemoraria mais a noite de Natal antes da data certa e que, se fosse necessário, eu mesma assaria um peru e decoraria o bicho com fios de ovos (blérc) para comer sozinha. Faria pinheirinho, colocaria presentes ao pé da arvorezinha, para mim e brindaria com meus cuscos.
Mas não adianta, este ano vai ser a mesma coisa... Namorado morando há 50km de distância, vou passar o Natal com a minha família, e ele com a dele. Vai ser um saco, aquela mesmíssima coisa de amigo secreto entre seis pessoas, onde minha mãe sabe quem é o amigo secreto de todo mundo. Ninguém querendo tirar a minha avó peste como amiga secreta, pois passa a noite inteira com cara de “lâmpada” e dá uns presentes muito fajutos, e a noite terminando no máximo 1h. Até tentamos juntar as famílias (minha e do namorado), mas minha sogra queria incluir familiares que não estavam no pacote, então desistimos. Juntos, vamos comemorar dia 25, com um almoço só com as nossas famílias. 
Ele, todo querido, querendo me agradar, porque sabe que eu gosto de arvorezinhas, luzinhas, papai noeizinhos, etc, disse:
“-Amor, este ano vamos montar uma árvore do Natal, decorar a casa e o jardim com luzes e enfeites, do jeito que tu gostas.”
“-Desiste Fe, há três Natais atrás, o Barthô matou cinco papai noeizinhos de janela, o Checha comeu as bolinhas da árvore, e juntos, eles mijaram nos presentes. Sem falar que meu tio e meu pai deram um porre de champagne neles, e o Checha dormiu de pinto prá cima no sofá, roncando feito um porco. O Kako, lógico, passou o tempo todo rosnando...Vamos planejar nosso Ano Novo que é mais fácil.”

 Feliz Natal! Ho, ho, ho!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Malú

Termino a noite desta quinta-feira, contando a história de Maria Luísa. Parte de sua história, claro, porque Maria Luísa é digna de um livro, escrito por alguém que escreva muito melhor do que eu.
Malú era ruiva, tinha cabelos longos e crespos, corpo cheio de curvas, aquelas que deixam os homens loucos e que, nós mulheres, sabemos exatamente como e quando usá-las. Casou com Gustavo, amigo de um amigo, que conheceu durante a faculdade. Gustavo formou-se com distinção em Engenharia Civil, enquanto ela, largou o curso para fazer Jornalismo.
Malú era inteligente, divertida, sarcástica. Não era muito intelectualizada, mas era esperta e aprendia tudo muito rápido. Tinha um pique digno de um cavalo de corrida e coitado de quem não a acompanhasse seu raciocínio e seu vai-e-vém. Ela gostava de m-o-v-i-m-e-n-t-o: adorava trabalhar, passear, viajar, dançar, cantar, e tantas outras coisas terminadas em “ar” ou “er”...
Gustavo, no mais alto estilo nerd, era um cara legal, boa pinta, boa gente, boa companhia, bom amigo, bom filho, bom marido e tantos outros adjetivos que o definem como bonzinho em alguma coisa. Adorava Malú e fazia tudo por ela.
Durante os nove anos em que estavam casados, não havia um dia que ele não tivesse feito as vontades de Malú e não tivesse sucumbido a um pedido seu.
Ela retribuía, sendo uma mulher “boa” em muitas coisas e assim, ele vivia feliz.
Malú intercalava seções de noticiário nacional e internacional com literatura dos mais diversos gêneros, para redigir suas matérias. Adorava os pocket books, práticos e gostosos de ler e na cabeceira de sua cama, estava “Delta de Vênus” de Anaïs Nin (escritora francesa, nascida em 1903 e bastante polêmica, pois escrevia com base em seus diários, recheados por suas experiências sexuais); já pela metade, devorado com gosto.
Sentada no pufe em frente ao espelho do quarto, toalha enrolada no corpo, Malú escovava o cabelo, preparando-se para dormir. Passavam da uma hora da madrugada de sábado, ela e Gustavo haviam recém chegado de uma janta com amigos, e ele, já estava dormindo.  Malú observava o sono tranqüilo de Gustavo, ele não roncava, não ressonava, não emitia um ruído. Era um homem tranqüilo e perfeito em seu sono profundo.
Ao contrário dela, que sonhava mil coisas durante a noite, rolava de um lado para o outro, roubava as cobertas dele e ria enquanto dormia.
Era feliz com Gustavo, pois ele era um marido perfeito. Não tinham filhos e em comum acordo não pretendiam ter, eram bem sucedidos em suas profissões, ganhavam o suficiente para viajar nas férias e ter uma vida razoável.
Mas faltava alguma coisa. Talvez faltasse um pouco de Anaïs Nin na vida de Maria Luísa.
- Gustavo ? Amor, tá acordado ?
Gustavo não se mexia.
- Amooo-ooor... – sussurrou baixinho.
Nada.
Então, abriu o guarda-roupa e tirou um vestido preto que adorava, aquele pretinho básico que todas nós temos, ou deveríamos ter dentro do armário, e que fica maravilhosamente bem em nosso corpo, dispensando qualquer acessório mais sofisticado. Scarpin preto, gargantilha de ouro branco com um ônix enorme como pingente, brincos combinando. Maquiagem leve, ressaltando os olhos, cabelos soltos.
Foi assim que Malú saiu de casa, dirigindo seu carro em direção à cidade vizinha.
Quando chegou ao local, pensou em Gustavo e em voltar para casa; mas quando viu a rua cheia de carros e os dois seguranças em frente à porta, estacionou.
Em seguida, um dos seguranças veio abrir a porta do carro e ajudou-a a sair, conduzindo-a até a entrada do prédio. Seu colega abriu a enorme porta de ferro preta para ela, levando-a até a recepção. Deixou-a lá, imóvel, diante da segunda porta, igualmente preta e exatamente igual à porta do sonho que havia tido há uns dias atrás.
Respirou fundo, ajeitou os cabelos e o vestido, empurrou a pesada porta e foi em direção a um pedacinho do mundo de Anaïs Nin.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Secretária Eletrônica

“Por favor, deixe seu recado”
Sinto falta de ti.
De sentir teu cheiro, quando tu entravas pela porta e fazia meu coração acelerar.
Sinto falta dos nossos códigos secretos, que nos ajudavam a sair à francesa, de situações difíceis e nos provocavam risadas intermináveis.
Sinto falta dos assuntos em comum, das mesmas paixões, do bate-papo à noite, depois do trabalho.
Sinto falta de deitar na cama e sentir no teu abraço, que eu estava segura, protegida de tudo. Seja lá o que este “tudo” significar.
Não é bem de ti que sinto falta. É de tudo isso que vivi contigo. Das coisas boas, logicamente, porque se não fossem as ruins, ainda estaríamos juntos. Sinto falta de...
“Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii”