segunda-feira, 28 de março de 2011

Na contramão da vida

Quando éramos adolescentes, sonhávamos com o homem perfeito, fazíamos planos que incluíam somente um amor e uma cabana, e que claro, foram por água abaixo. Hoje, já adultas,  sabemos que homem perfeito não existe e que amor e cabana não enchem a barriga de ninguém. Algumas de nós, recorrem aos sites de relacionamento. Eu mesma já me cadastrei em um. Começou como uma brincadeira entre amigas. Acabei sugerindo o site para duas amigas e na semana seguinte, uma delas me chamou no MSN, disse que tinha se cadastrado, que eu deveria me cadastrar também, porque era muito divertido.
E foi. Encontrei alguns carinhas conhecidos, conheci pessoas legais, mas a verdade é que na expectativa de viver uma história de amor inusitada, nestes sites a gente acaba encontrando umas criaturas muito neuróticas. Fora que isso rouba um tempo valioso do teu dia.
Acabei cancelando a assinatura depois de alguns meses, mas a experiência rendeu uma amizade muito legal e muitas histórias divertidas para o blog.
A história de amor inusitada acabou não acontecendo. Não casei e fui morar em Portugal, não conheci um coroa surfista australiano, nem um italiano rico louco por mim.
Mas, estes dias, durante um almoço com uma cliente, com a qual acabei iniciando uma amizade bem simpática, ela me contou a história de amor mais descolada e inusitada que já ouvi. Eu, que me achava super transgressora, me ajoelhei aos pés dela e ergui um altar em sua homenagem: MESTRA!
Ela era noiva de um americano há dois anos. Viam-se esporadicamente, pois apesar de trabalhar aqui no Brasil, ele ainda morava nos Estados Unidos. Era um cara legal, amigo, parceiro e tinha tudo para ser o marido ideal.
Os preparativos para a cerimônia de casamento nos Estados Unidos, já estavam em  fase final e ela só tinha que viajar para o Rio de Janeiro para emitir o visto e poder viajar.
Pois foi justamente durante a viagem para o Rio de Janeiro que ela conheceu o homem da vida dela. Sinceramente, esqueci dos detalhes deste capítulo, pois foi neste ponto da história que larguei os talheres, e fiquei de boca aberta e olhos arregalados, olhando chocada para ela.
Ele também é gaúcho, mas por estas coisas da vida que nós, meros mortais, jamais vamos entender, conheceram-se a caminho do Rio de Janeiro. Saíram, pintou aquele clima, ele inclusive desmarcou sua  volta, para acompanhá-la no retorno ao RS.   
Já aqui, o príncipe encantando procurou por ela e exigiu que se encontrassem. Mas ela estava noiva. Relutou um pouco (beeeem pouquinho), mas acabou cedendo aos encantos do guapo que era prá lá de decidido. Nada como um homem maduro e experiente, não ? Que sabe o que quer e não poupa esforços para conseguir alcançar seus objetivos.
E não é que conseguiu ?
Minha nova amiga, viajou para os Estados Unidos, para desfazer a união que nem tinha acontecido ainda.
Assim que pisou no aeroporto e viu o noivo feliz esperando por ela, deu um passo para trás e pensou: “O que é que estou fazendo aqui ?”
Decidida a resolver a confusão, contou para o noivo que estava ali para terminar o relacionamento, pois não queria mais casar. Não revelou a ele que tinha conhecido um novo amor, há apenas duas semanas atrás, porque ele jamais iria acreditar que era somente há duas semanas atrás.
O moço foi à loucura, desmontou metade da casa onde morava com a mãe e a sobrinha, ficou desolado.
A sogra, também muito decidida (aliás, todos os personagens desta história são mega decididos, menos o noivo), fez a seguinte proposta para a futura ex-nora: “You have a problem. Let’s go shopping tomorrow and everything will be fine.”
Triste ilusão. A ex-noiva não aceitou a proposta; mas ainda passou alguns dias na casa da ex-futura família, pois não estava conseguindo antecipar a viagem de retorno. E foi neste período, que observando algumas coisas, ela teve certeza de que estava fazendo a coisa certa.
Na casa com decoração americana e sóbria, havia três cadeiras à mesa de janta: uma para a sogra, outra para o noivo, e por último, a cadeira da sobrinha. Para receber a nora, a sogra providenciou uma quarta cadeira.
Os amigos e familiares brasileiros ligavam para lá e as chamadas não eram ouvidas e nem atendidas, pois o telefone permanecia sempre no mudo e só era utilizado quando precisavam de alguma tele-entrega.
Resta concluir quem tinha problemas nesta história toda.
Mas, finais felizes existem e esta história de amor já tem onze aninhos de idade.
Enquanto isso, nós meras mortais, suspiramos um “ai, ai....”, esperando que um dia, aconteça o mesmo conosco.

domingo, 27 de março de 2011

Imprudência e Negligência

Meu namorado me xinga horrores quando falo mal da polícia. Polícia de qualquer classificação: civil, brigadianos, guarda municipal (esta eu odeio) ou polícia rodoviária.
Não tenho boas experiências com estes caras.Meu namorado me xinga horrores quando falo mal da polícia. Polícia de qualquer classificação: civil, brigadianos, guarda municipal (esta eu odeio) ou polícia rodoviária.
Não tenho boas experiências com estes caras.
Ou eles não estão no lugar certo quando precisamos deles, ou não chegam na hora certa, ou estão presentes na minha vida, muito mais do que deviam, caracterizando quase que perseguição e me incitando a fazer um boletim de ocorrência contra eles mesmos.
Não adianta, polícia comigo é como fio de cabelo na comida, com meu pai.
Esta noite, ao redor das 20h, fui levar o namorado para Porto Alegre. Tava doente, não podia pegar vento, frio, chuva, etc...
Estávamos na BR, um pouco antes da Unisinos e um cara com uma Land Hover verde escuro, de placa JCL 9696, cortou a nossa frente da direita para a esquerda. Meu namorado, numa atitude impulsiva, botou luz alta no cara.
Ah, não tenha dúvida... ele jogou a camionete duas vezes em cima da gente e pela primeira vez, em anos de BR, fiquei com medo. Pista escorregadia, chuva fina e mais carros na estrada. O filho da p. podia ter provocado um belo desastre na estrada.
A esta altura, já tínhamos passado o posto da Polícia Rodoviária, então ligamos para o 190, que nos deu o número 191 para chamadas de emergência com a Polícia Rodoviária Estadual.
Estou até agora ligando para o 191 e ninguém atende. OK, não aconteceu nada, graças a deus, mas e se tivesse acontecido ? De novo, os caras não estariam no lugar certo quando se precisa deles.
E a gente sustenta os caras. Desculpe, Fê, mas não tenho um motivo para falar bem deles.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O Zé existe

Tem gente que chama de “Zé” a pessoa cujo nome desconhece.
O garçom de um boteco: “Ô Zé! Mais uma ceva, por favor!”
O cara que corta tua frente no trânsito: “Pôrra, Zé! Tá cego ?”
Mas o Zé existe e é uma figura caricata, super conhecida na região. Até minha irmã conhece o Zé! “Claro, mana! O Zé!”
O Zé é muito inteligente e culto, o tipo de pessoa que tu fica horas conversando e ele tem uma história para ilustrar cada um dos assuntos que vocês conversarem.
A primeira vez que eu vi o Zé, ele me enganou. Estava lá, dentro do closet dele. Sim, porque o Zé não tem armário pra sair, o Zé tem closet.
Filho de família rica, nunca precisou trabalhar como nós, meros mortais. Herdou dos pais, imóveis e uma graninha suficiente para ter uma vida de dolce fare niente de dar inveja a qualquer um. Para completar e deixar vocês ainda mais com inveja, o Zé herdou toda a fortuna do casal de tios que faleceu. Ele tem irmãos, mas sei lá porque cargas d’água, os tios escolheram o Zé para herdar toda a bufunfa deles.
E lá por seus 40 anos de idade, o Zé descobriu que trabalhar enobrece (os outros, lógico, mas enobrece) e resolveu fazer um “H” como designer de máquinas em uma empresa grande, localizada na cidade onde ele morava.
É claro que o Zé enjoou de trabalhar e foi morar sozinho, lá no interior do interior, num sítio onde celular não pega e o vizinho mais próximo fica lááááá longe, há quilômetros de distância.
Dizem que faz experimentos misturando sementes e colhendo frutos e plantas meio duvidosos, assim como ele.
O Zé tem um amigo que mora com ele. Ele conta que o amigo separou-se da esposa e como não tinha onde morar, o Zé convidou-o para ficar lá, até ele se ajeitar. É que o Zé tem um grande coração. E uma aliança no dedo esquerdo. E um anel de relógio que ele comprou nas tendinhas de camelôs, durante sua estadia na praia. Tem de todas as cores, segundo ele, azul, com detalhe em dourado, cor-de-rosa, prateado, verde e amarelo... Sim, porque provavelmente tu vai querer comprar um anel igual ao dele, então ele já vai te dando todas as dicas para tu não errar a tendinha.
Ah! O Zé não tem carro. Vai de táxi para a praia! Sabe quanto custa um táxi até a praia ? Pois é, só o Zé pode chegar em grande estilo, de táxi, na praia.
O Zé emana luz por onde ele passa, a presença dele ilumina o ambiente, a noite vira dia, o sol perde o brilho. É que ele tem uma lanterna de led no boné  e quando ele conversa contigo, aquela luz bate no olho e cega todo mundo.
Sim, ele comprou a lanterna na mesma tendinha de camelô onde ele comprou o anel de relógio.