domingo, 31 de janeiro de 2010

ELEGÂNCIA


Nem todo homem fica bem de terno e pode-se dizer que nem sempre é elegante vestido assim. O contrário também acontece e aquele cara que não se dá a mínima aparece elegantemente vestido de terno a ponto de causar suspiros.
Apenas a roupagem, o invólucro, a embalagem que atrai ou distrai as pessoas.
Elegante mesmo é o senhor de uns 70 anos que trabalha no estacionamento do Foro Central em Porto Alegre.
Busquei um processo que já tem 16 anos, então imagina a quantidade de papel com toda essa idade.
Tem sete volumes cada qual com 200 folhas. Com peso respectivo e eu tendo que carregá-lo além, é claro, de minha bolsa – que contém coisas imprevisíveis - e vestida de advogada (saia e salto agulha).
Do Foro Central até meu carro dá uns 400m, contando todas as curvas que se faz até chegar ao estacionamento.
Vários homens de ternos, altos, baixos, magros, gordos, velhos e novos passaram por mim. Não sensibilizei nenhum deles e olha que fiz pensamento positivo pra alguém me ajudar.
Faltando uns 50m pra chegar no estacionamento, esse senhor de 70 anos, deixou seu posto com um colega e veio ao meu encontro pra me ajudar. Simplesmente pegou meu processo e disse: Dra. Isso é muito pesado para uma mulher, deixe que eu a ajude.
Não hesitei é claro, afinal eu já estava quase implorando a qualquer um que passasse. O Senhor vestia apenas o uniforme da guarita.
Definitivamente elegância não tem relação alguma com terno e gravata mas está intimamente ligada à sensibilidade.