sexta-feira, 23 de outubro de 2009

NÃO VAI DAR TEMPO!


É bom que alguns “posts” tenham data, para que não sejamos chamadas de mentirosas no futuro. Tudo o que escrevemos pode ser usado contra nós. Pois bem, hoje é dia 23 de outubro de 2009 e descobri que não vai dar tempo de ser mãe nesta vida, justifico assim a necessidade da data nas linhas anteriores. Tenho 29 anos, 7 meses e 6 dias. Ainda que a medicina esteja muito evoluída, ainda é recomendável que a primeira gravidez ocorra antes dos 35 anos... Assim, eu teria 5 anos, 4 meses e 24 dias para engravidar. Daí, tenho que pensar se gravidez é prioridade na minha vida e se eu realmente penso que só serei completa ao procriar e ainda tenho que me convencer disso. Tenho várias amigas que possuem muito claro em suas mentes que a maternidade é uma fase da vida, de forma que não é uma opção ou uma hipótese, é um acontecimento natural, tal como quando ficamos menstruadas. Nesses casos, a pergunta “você quer ser mãe?” é totalmente descabida, pois para algumas pessoas só existe uma resposta: “ÓBVIO”. Só que essa resposta, vem sempre acompanhada de “POR QUÊ? VOCÊ NÃO QUER?”. Nesse momento, sinto que todos os HOFOLOTES estão sobre mim, sobe aquele calorão, a platéia em um silencia mórbido, ao que respondo: “HUMM... ENTÃO... NO MOMENTO NÃO ESTÁ NA LISTA DAS CINCO COISAS PRA FAZER ANTES DE MORRER, TALVEZ NEM ENTRE AS 20”. Pense comigo, pra eu DECIDIR ser mãe preciso: PRIMEIRO querer isso muito, SEGUNDO pensar e repensar nesse assunto, desistir, pensar e repensar, desistir, pensar, TERCEIRO tomar a decisão e me convencer que tomei a decisão certa, voltar atrás, repensar, decidir, QUARTO achar que sempre quis isso e que esse desejo estava escondido, lembrar das bonecas da infância, QUINTO pagar meses e meses de terapia até que descubra a vocação nata para a maternidade. Esse processo de pelo menos cinco etapas pode durar anos... pelo menos uns CINCO... e aí me sobrariam 4 meses e 24 dias para encontrar o PAI do filhote... Daí basta ler os “posts” mais antigos desse blog para ver que NÃO VAI DAR TEMPO!!!!!!

Em homenagem à pequena Lívia e sua mamãe Kamille

Madrigal Melancólico

Manuel Bandeira

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

11 de junho de 1920